Infeção

Relação entre o legionella pneumophila e o hospedeiro

 

           A Legionella Pneumophila explora o seu hospedeiro como fonte de nutrientes, protecção e veículo de colonização. Na associação Legionella-hospedeiro verifica-se a aquisição de factores de virulência, por fenómenos de transferência horizontal, permitindo à Legionella codificar proteínas funcionalmente semelhantes às do hospedeiro.                                               

 

Amibas

    As amibas são o hospedeiro natural da Legionella Pneumophila, desempenhando um papel fundamental no crescimento e amplificação das espécies do género Legionella em ambientes aquáticos ou terrestres e sendo desta forma importantes para o ciclo de vida deste microrganismo. Para além de providenciarem os nutrientes necessários ao desenvolvimento intracelular bacteriano, funcionam simultaneamente como protecção, o que se torna bastante útil quando a Legionella Pneumophila se encontra em condições ambientais menos favoráveis.

    O ciclo de vida intracelular da  Legionella Pneumophila é constituído por duas grandes fases: a fase replicativa, que se caracteriza pela ausência de mobilidade e pela repressão das características transmissiveis durante fase exponencial do crescimento bacteriano; e a fase transmissiva, a qual confere às bactérias sensibilidade ao sódio, citotoxicidade, resistência osmótica, mobilidade e capacidade de invasão do complexo fagossoma-lisossoma.

    O modo de entrada da Legionella Pneumophila para o interior destes organismos ocorre por ingestão,  e quando se encontra no interior, a bactéria prolifera e quebra a parede celular da amiba, sendo posteriormente libertas para a água.

 

Macrófagos

            Os macrófagos humanos são um dos hospedeiros da Legionella, sendo que a sua infeção resulta da inalação de aerossóis contaminados por Legionella.  A entrada da Legionella Pneumophila nos macrófagos ocorre por fagocitose, e após a ingestão esta aloja-se em fase estacionária no interior do fagossoma. A Legionella converte-se na sua forma replicativa expressando vários factores de virulência, em que o fagossoma funde-se com o lisossoma e cria um novo nicho de replicação rico em nutrientes. Uma vez esgotado o fornecimento de aminoácidos, dá-se a acumulação de um segundo mensageiro, 3’,5’-bispirofosfato (ppGpp), e há expressão de características que promovem a transmissão para um novo fagócito. 

    Utilizam um sistema de secreção do tipo IV denominado por Dot/Icm (“defect in organelle trafficking”/“intracelular multiplication”) para injetar no citoplasma do hospedeiro proteínas capazes de subverter as funções normais da célula, para que a Legionella sobreviva e replique, e assim facilitar a infecção intracelular.

    A aquisição de factores de virulência, por fenómenos de transferência horizontal, permite codificar proteínas funcionalmente semelhantes às do hospedeiro, sendo importantes para a bactéria sobreviver dentro da célula hospedeira.

    Na Legionella Pneumophila existem três genes importantes para a codificação de factores de virulência, sendo eles o gene Icm, mip e ompS. O primeiro é necessário para a multiplicação intracelular do microrganismo e o segundo tem importância no potencial de infecção de macrófagos, sendo o responsável pelo desenvolvimento da infecção por parte deste microrganismo. Por fim, o gene ompS permite a ligação da Legionella aos macrófagos estimulando a fagocitose.

    A capacidade da Legionella pneumophila causar infecção depende da sua multiplicação no interior dos macrófagos pulmonares.