Legionella Pneumophila

Legionella Pneumophila

    Em Julho de 1976, durante a Convenção da Legião Americana, num hotel de Philadelphia, houve um surto epidémico de uma forma de pneumonia rica em manifestações sistémicas e de alta mortalidade. Após intensas pesquisas nos C.D.C. – Centers for Disease Control – identificou-se o agente responsável: um bacilo gram-negativo aeróbico, que foi denominado Legionella pneumophila.

    Sabe-se hoje que as legionelas são responsáveis por um número significativo de pneumonias adquiridas em comunidade. A infecção ocorre principalmente aquando da inalação de vapor, gotículas de água ou neblina contaminada com Legionella.

    As legionelas encontram-se frequentemente em reservatórios de água e crescem em água quente. Os sistemas de distribuição de água quente e as torres de refrigeração dos equipamentos de ar condicionado são identificados como as principais fontes de infecção. Vários testes laboratoriais estão disponíveis para o diagnóstico da legionela, incluindo cultura, radioimunoensaio, imunofluorescência direta, etc. O objetivo principal da vigilância da doença do legionário é a identificação de surtos, de forma a implementar medidas de controlo.

    Existem várias doenças provocadas pelas legionelas, como a Febre de Pontiac, pericardite, infecção de fístula artério-venosa, miocardite, abscesso hepático, pielonefrite, abscesso cutâneo e inclusive endocardite em prótese valvar com hemocultura negativa para bactérias usuais. Dado o facto das lesões provocadas por estas bactérias serem de grande número e de alta gravidade, a contaminação pela legionella é letal, provocando a morte aos indivíduos afectados.

 

Genoma

    Legionella pneumophila são bactérias aeróbicas gram-negativas não-encapsuladas, com um único flagelo polar. Este organismo tem um comprimento de aproximadamente 2 μm e uma largura entre 0.3 e 0.9 μm.

Contém um genoma de cerca de 3,40 milhões de bp de comprimento sendo previstos cerca de 3002 genes. O estudo do seu genoma permite concluir que L. Pneumophila foi submetido a transferência horizontal de genes, a partir da identificação de vários homólogos de genes eucarióticos.

    O envelope da célula é composta por ácidos gordos de cadeia ramificada e ubiquinonas distintos, cujas diferenças estruturais têm sido usados ​​para classificar diferentes espécies de Legionella.

    Foram identificados mais de 350 proteínas e permeases vinculativas ao seu genoma, pois necessitam de uma vasta gama de transportadores de membrana para poderem  utilizar os nutrientes dos diversos ambientes. Destacando-se os genes que podem ser responsáveis ​​pela capacidade de Legionella para sobreviver em protozoários, macrófagos de mamíferos, e nichos ambientais inóspitas.

    Como por exemplo, foi descoberta uma região de 100 kb que contém vários genes que codificam os transportadores de e-fluxo de metais pesados ​​e outras substâncias tóxicas, que podem contribuir para a L. Pneumophila se desenvolver em sistemas de canalização e resistir há presença de biocidas tóxicas. A presença de ARNt, genes relacionados com o fago, sugerem que tenha sido adquirido através de transferência horizontal. 

Circular map of L. pneumophila genome